quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

De Mossoró ao título do Bellator: a história de Patrício Pitbull

De Mossoró ao título do Bellator: a história de Patrício Pitbull


Patrício terá chance pelo cinturão do Bellator esta noite (Foto divulgação)
São inúmeras as histórias de irmãos bem sucedidos no esporte. Serena e Venus Williams no tênis, Raí e Sócrates no futebol, Daniele e Diego Hypólito na ginástica olímpica, Cacá e Popó Bueno na Stock Car e os irmãos Wladimir e Vitali Klitschko no Boxe, são alguns desses exemplos. No MMA, uma nova “dupla” de irmãos vem trilhando o mesmo caminho de outros grandes nomes do esporte.
Patricky André de Souza Freire e Patrício André de Souza Freire, os irmãos Pitbull, são as grandes estrelas do Bellator, segundo maior evento de MMA do mundo. Eles se inspiram e sonham em conquistar o mesmo sucesso de outra dupla famosa, os irmãos Rodrigo Minotauro e Rogério Minotouro. E pelo que estão mostrando, têm tudo para conseguir.
Esta noite, nos Estados Unidos, Patrício terá a chance de atingir o auge no Bellator, quando disputa o cinturão dos pesos penas com Pat Curran.
O começo nas artes marciais

Pitbull venceu 18 de 19 lutas (Foto divulgação)
Nascidos em Mossoró, interior do Rio Grande do Norte, os irmãos Pitbull foram morar ainda na infância em Natal, capital do estado. Filhos de um policial militar, hoje aposentado, a dupla logo conheceu as artes marciais na vila militar onde moravam e, como a maioria dos atletas que começaram no MMA, assistindo as lutas de Royce Gracie nos primeiros UFCs. Patrício, o mais novo e mais agitado, logo pediu para o pai colocá-lo em uma academia.
“Eu devia ter uns 10 anos quando comecei. Meu irmão começou uns 12 anos. Conhecemos uma academia de Jiu-Jitsu, Judô e Caratê. Era a Associação Potiguar de Artes Marciais. Meus amigos todos faziam Jiu-Jitsu e eu gostava de brigar na rua quando era criança, então meu pai viu nisso uma forma de nos acalmar. Eu fiquei o perturbando para que me colocasse nessa academia. Um mês depois meu irmão começou a fazer isso também. A gente brigava muito em casa, mas depois que começamos a treinar paramos de brigar e passamos a gastar mais energia na academia”, conta Patrício, hoje com 25 anos.
Apesar de não ter o apoio dos pais no início, principalmente da mãe, os dois não desistiram do esporte.
“Minha mãe, até um tempo desses, não acreditava que isso valesse a pena, achava que não era vida pra ninguém, achava que machucava muito e que não dava dinheiro… Ela queria que eu tocasse violão, que a gente fosse cantar, e isso sempre me irritou porque eu sabia que tínhamos um dom da luta. Meu pai no começo não quis aceitar por causa da violência. Não do esporte, mas pelas brigas entre eu e meu irmão. A gente brigava cinco, seis vezes por dia em casa por causa de um copo de suco, um pirulito, uma roupa, uma bermuda diferente… Qualquer coisa era motivo de briga dentro de casa. Meu pai tinha esse medo porque era a minha mãe que cuidava da gente”, relembra Patricky.

Patrício é mais jovem que o irmão, Patricky, mas conseguiu render mais na jaula do Bellator (Foto Eduardo Ferreira)
O caminho até o MMA
Da faixa branca até a faixa-preta, graduação que alcançaram em 2007, eles treinaram com Alexandre Bosco, aluno do mestre Francisco Mansur, da Kioto. E desde o início se destacaram nos torneios da arte suave. “Em todas as competições estávamos dentro e sempre queríamos a vitória. Eu conto nos dedos as derrotas que eu tenho no Jiu-Jitsu. Quando eu era criança também cheguei a competir Kickboxing. Nunca soube que podia vir a competir no futuro. Mas, nas competições que eu entrava como profissional. Na minha cabeça, eu já tinha que treinar, bater peso e vencer a luta. Nunca queria perder uma luta, nem dentro da academia. Sempre quis ser melhor”, explica Patrício.

Pitbull disputa cinturão (Foto divulgação)
Vislumbrando o MMA, os dois começaram a treinar Kickboxing, sempre puxado por Patrício, o mais apressadinho da família. “Desde 2000 agente começou a treinar Kickboxing com o mestre Bruno Gouveia, que faleceu faz pouco tempo. Nunca mudamos de mestre. Começamos a treinar e competir no Kickboxing. A gente também entrava pra ganhar nas competições de Kickboxing. Tínhamos um nome no Jiu-Jitsu e a galera já ficava com um pé atrás”, explica Patrício.
Do Kickboxing, foi um passo para migrar para o MMA. Mais uma vez Patrício foi o pioneiro da família Freire, estreando aos 16 anos de idade. “O Patrício começou antesem tudo. Elefoi primeiro para o Jiu-Jitsu e estreou no MMA quando ainda tinha 16 anos. Ele foi precoce. Inclusive  teve que receber uma autorização da Vara da Infância e da Juventude para lutar. Ele chegou falando que ia lutar, e meu pai falava que não. Aí ele disse: “se o senhor não me autorizar agora, com 16 anos, quando completar 18, eu vou lutar”. Então meu pai autorizou. Não pude estrear tão cedo porque tive uma lesão no joelho e não pude dar continuidade aos meus treinos de MMA. Ficava adiando essa cirurgia, então demorou um pouco, mas estreei com 18 anos. Queria estrear antes, menor de idade, mas não consegui (risos)”, se diverte Patricky, que, por ser o mais calmo, ainda tranquilizou a mãe na estreia do irmão.
“O Patrício é mais pavio curto. Esse gênio que ele tem, puxou da minha mãe. Por isso, a minha reação na estreia dele foi muito boa. Claro que fiquei apreensivo, tive que me segurar e controlar a minha mãe. Meu pai ficou do lado dela também tentando se controlar com os amigos dele. Os dois não almoçaram e não jantaram nesse dia. Lembro como se fosse hoje. E ainda é assim até hoje. Sempre antes de luta, eu não me comunico muito com meus pais, mas assim que termina eu tento ligar pra dizer que está tudo bem. Minha mãe sempre está nervosa. Toda vez que a gente vai lutar, eles ficam sem jantar, é uma ansiedade só em casa”.
Contrato com o Bellator

Joelhada voadora é marca registrada da família (Foto divulgação)
Invicto no Brasil, Patrício acumulava 12 vitórias antes de ser contratado pelo Bellator, em 2010. Chegou a pensar em parar de lutar e começou a fazer faculdade de Educação Física, mas trancou assim que fechou contrato com o Bellator. No evento, o Pitbull mais novo não demorou para se destacar e ganhar elogios do presidente da organização americana. Apesar da derrota – a única até hoje na carreira – na final do GP dos penas da primeira temporada que participou, Patrício teve nova chance em 2011 e saiu vitorioso ao bater três oponentes. Agora, ele luta pelo cinturão contra Pat Curran, campeão da categoria.

“Estava difícil conseguir luta pra mim em Natal. Eu não sei o motivo real, mas alguns lutadores não aceitavam lutar contra mim nos eventos regionais. Não tinha contato fora do Nordeste, não tinha quem fechasse luta pra mim. Há algum tempo eu estava sendo meu próprio treinador. Eu era aluno e treinador ao mesmo tempo. Chegou uma hora que decidi fazer uma última luta na minha carreira e deixar de lutar. Foi aí que consegui um dos meus melhores nocautes da carreira com uma joelhada voadora no Toninho Fúria. Na plateia, tinha um cara que me patrocina até hoje, o Ricardo Sérgio. Ele começou a fazer uns contatos, comecei a lutar no Rio de Janeiro, em São Paulo, e fui me destacando, finalizando e nocauteando… Fazendo boas lutas. Foi aí que o vice-presidente do Bellator viu um vídeo meu e tentou falar com alguém pra ver se tinha o meu contato”, relembra Patrício, que depois de colocar o irmão para lutar de graça, se “redimiu” dando um empurrãozinho para Patricky conseguir um contrato com o Bellator em 2011. “Falei para o dono do evento que ele podia contratar o meu irmão que ele ia nocautear todo mundo e que seria campeão”.

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